A "co-irmandade", a incompetência e o Engenhão

05 agosto 2009



Depois de uma semana conturbada no clube, da dança de cadeiras no quadro das vice-presidências com a saída do Beto Macedo (vice-presidente de marketing) e Anderson Simões (vice-presidente administrativo), da demissão prematura do diretor de marketing do clube (responsável pela implantação do bem sucedido programa de sócio-torcedor do Internacional) Josué Tiffot, da proximidade do fim da janela de transferências do exterior e da ausência de reforços, enfim, do caos instalado e de fazer o clube continuar parecendo a "casa da mãe Joana" no futebol, eis que surge a notícia lamentável que segue:



"LANCEPRESS!



O presidente do Botafogo, Mauricio Assumpção, contestou nota publicada na terça-feira sobre o custeio da manutenção do gramado do Engenhão em 2010.


Diz que o clube não fez nenhum pedido ao governo nem receberá aluguel para ceder o estádio aos jogos do Flamengo e do Fluminense e que foi a própria Ferj que se propôs a obter a verba de R$ 250 mil.



Com a maior visibilidade do estádio, o clube fará contratos mais lucrativos. "



Será que a diretoria do clube não enxerga o potencial desse magnífico estádio que caiu no colo do Botafogo quase como um presente?



Com a troca das vice-presidências o clube deveria respirar novos ares. Se antes o vice-presidente administrativo dizia aos torcedores na porta do clube que a culpa de todos os problemas do Botafogo eram da gestão passada e que seria melhor se voltássemos a jogar no Caio Martins acomodados em "confortáveis" arquibancadas tubulares, como a sua saída todos nós imaginávamos que esse pensamento deixaria de reinar no Glorioso.



Mas aparentemente o Engenhão continua a ser visto como um elefante branco (e azul), como um carma, como um piano a ser carregado nas próximas décadas, e não como uma fonte fixa e quase inesgotável de receitas no médio/longo prazo; como uma forma de identificação do clube numa área grande e populosa no subúrbio do Rio; como uma garantia de renda com um programa de sócio-torcedor capaz de cobrir o imenso déficit financeiro anual do clube; como uma área com um potencial imobiliário inexplorado; como uma possibilidade real de copiar o modelo bem sucedido de shoppings e entretenimento naquela região, que hoje faturam horrores e atraem pessoas de todos os lugares do Rio de Janeiro; como poder de barganha na negociação de patrocinadores e marcas; como auxílio à exposição da marca Botafogo que o estádio mais moderno da América Latina poderia dar.



Ao se confirmar essa barbaridade, a notícia será um balde de água fria naqueles que ainda esperavam alguma coisa dessa diretoria. Abdicar de uma receita certa até a Copa de 2014 dando aos "co-irmãos" o direito de jogarem no ESTÁDIO DO BOTAFOGO de graça, sem custos, sem taxas, na mais pura e deslavada "camaradagem".



De onde eu vim isso se chama burrice; na economia isso se chama irracionalidade; na administração isso se chama irresponsabilidade.



Falar abertamente sobre isso como se fosse uma coisa boa para o clube chama-se cara-de-pau. Torcedor não é burro. Não precisa ser administrador, economista ou sequer ter curso superior para perceber a chance, a oportunidade perdida. Aceitar e permitir a coisa nesses termos é assinar um atestado de incompetência, é carimbar mais um diploma de incapacidade.



Até parece que o Botafogo não venceu a licitação em 2007, da qual participou sozinho por desistência do "co-irmão" florido e do "co-irmão" simpatissíssimo que sequer participou da disputa por pura soberba ao achar que o estádio e seus 45 mil lugares estavam aquém das necessidades da sua torcida. "Co-irmãos" soberbos que sempre se beneficiaram da arbitragem em cima do Botafogo e da camaradagem da atual diretoria e que "co-habitarão" o estádio nos próximos anos.



A cada dia que passa a atual diretoria dá um tiro no próprio pé. Sem essas receitas os problemas tão insistentemente apontados no início do ano pela própria diretoria persistirão. Ano que vem o planejamento já deveria contar com as receitas do aluguel do Engenhão, e agora dependerá de negociação de contratos que sabe-se lá se virão apenas para o Botafogo ou se serão divididos para os co-irmãos.



O que mais esperar dessa diretoria?



Minha única certeza é a de que o Botafogo resistirá à essa enxurrada de problemas e de gente incompetente.



Mas qual o preço que pagaremos por isso? E o quanto o clube sairá enfraquecido dessa gestão?



Só o tempo dirá. Mas hoje o tempo é nosso inimigo.

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