Quando o desrespeito vira crime

28 maio 2009
Vou fazer um breve relato, quase um desabafo, sobre ontem.

Cheguei à General Severiano por volta de 9:30 horas da manhã. Escolhi um lugar bem em frente à porta do clube, na rua, e comecei a colocar sozinho a faixa contra a volta do Lucio Flavio. Estava ventando muito, demorei quase 20 minutos pra conseguir prender a faixa uma vez que o vento arrebentava os nós. Por volta de 10:00 horas consegui colocar a faixa no lugar. Sentei numa somba a uns 5 metros de onde a faixa estava, liguei meu MP3 player e puxei um livro. 1 minuto se passou e saíram 2 seguranças de dentro do clube. Arrancaram a faixa arrebntando as amarrações e a levaram para dentro do clube.

Ponderei, corri atrás. Pedi educadamente e encarecidamente que me devolvessem. Não levantei a voz um segundo sequer. Expliquei que aquilo era um CRIME, pois a faixa estava do lado de fora do clube e se configurava ROUBO. Ambos não tiravam os olhos dos jornais, só respondiam que estavam cumprindo ordens. Pedi pra falar com quem havia dado a ordem: nada. Pedi pra falar com quem quer que fosse dentro do clube: nada. Pedi para ligarem para o assessor de imprensa: ocupado.

Márcio Touson saiu do clube. Falei com ele, ele nem olhou pra minha cara. Saiu andando como se eu fosse um monte de m*****, e o segurança de olho caso em partisse pra dentro do tal Touson, como se eu fosse um bandido.

Liguei pro Bin umas 20 vezes pra pedir ajuda, sem sucesso, porque estava com pouco crédito no celular e se saísse da porta do clube pra comprar cartão não veria nunca mais a faixa, uma vez que eles a tirariam de dentro do clube e na chegada da polícia diriam: não tem testemunha, não tem faixa alguma.

Liguei pro Medina, amigo e conselheiro do clube, que me atendeu com a maior boa vontade do mundo e começou a correr atrás de alguém para liberar a faixa. Medina ligou pro Paulo, também conselheiro. Paulo ligou pro Edson, vice presidente do conselho deliberativo. Edson ligou pro Fernando, braço direito do vice de finanças do clube. Lá para o MEIO DIA o Fernando, um senhor muito educado e gentil, vem de lá de dentro e me chama pra conversar. Me perguntou o que tinha acontecido e perguntou se eu tinha chamado a polícia. Ponderei novamente, disse que não, que preferia resolver tudo isso sem a presença da polícia uma vez que isso seria ruim para o clube. Ele agradeceu, disse que o que os seguranças fizeram estava errado e que alguém do departamento de futebol havia dado a ordem de retirar a faixa, mas que o departamento de futebol está a parte do clube, e que alguém pagaria o pato por uma ordem que não veio da diretoria.

Dito isso, 2 horas depois de ter sido ROUBADO PELO CLUBE QUE EU AMO, DE TER SIDO TRATADO COMO UM BANDIDO, DE TER SIDO IGNORADO SOLENEMENTE POR DIVERSOS DIRETORES DO CLUBE QUE PELA PORTARIA PASSAVAM, o senhor Fernando - repito: um senhor muito educado - me devolveu a faixa sob a condição de ir pra casa esfriar a cabeça e não colocá-la lá novamente hoje.

Pedido atendido, uma vez que meio dia era a hora que defini sair de lá para ir para a UFF. Ouvi também um pedido de paciência com a diretoria do clube e com o jogadorzinho que aí está vindo, uma vez que o Botafogo não tem dirnheiro para contratar e ele virá de graça. Argumentei que isso não aconteceria, que paciência era uma coisa que a torcida do Botafogo tem há pelo menos 10 anos, e que a passividade imperava onde não deveria.

Disse também que a diretoria não deveria se sentir tão ofendida, afinal faixa tem uma vírgula depois do nome, que não havia sido colocada ali à toa ou por pouco conhecimento da língua portuguesa. A vírgula significa que o recado é pontual e tem um alvo: Lucio Flavio. Estamos falando não só para a diretoria, mas pra ELE, Lucio Flavio, que não o queremos aqui.

Novamente ouvi pedidos de paciência e voto de confiança.

Mostrei meus ingressos dos jogos no maracanã, tinha um de Xerém. Mostrei minha carteirinha de sócio torcedor e as passagens para Porto Alegre. Disse que o maior voto de confiança era continuar indo atrás do Botafogo qualquer que fosse a situação onde ele se encontrasse.

Agradeci, virei as costas e fui embora, humilhado novamente pelo clube que eu amo, pelo clube que eu escolhi pra torcer, para lutar, para acompanhar. Me sentindo impotente como nunca me senti na vida eu parei pra pensar na vida, e no clube, na estrutura, nas pessoas que estão lá dentro. É uma dor que só será comparável a, um dia, levar um tapa na cara do meu pai, que eu considero a melhor pessoa quem quem já convivi nesse mundo.

Descobri que a ordem de retirada da faixa da pracinha do manequinho (na Rua, portanto, fora do clube) partiu lá de dentro do departamento de futebol. E partiu de uma pessoa que sequer conhece a história e as tradições do Botafogo. Torce deliberadamente para outro clube rival e trata os torcedores apaixonados como se fossem lixo.

Lamento o fato de partir de dentro do clube uma ordem desse tipo, cheia de truculência e sem apoio de lei, regulamento ou qualquer outra coisa que proibisse um protesto pacífico de um torcedor que não aguenta mais o que estão fazendo com o Botafogo.

Chego à conclusão de que torcedores que cobram um Botafogo mais forte não são figuras bem quistas pelas cabeças do clube. Querem, deliberadamente, que a torcida se transforme em um monte de zumbis, passivos, com pouca paixão e pouco conhecimento da história do clube. Que não saibam quem foi Garrincha, Nilton Santos, Querentinha, Manga, Didi, Paulo C. Cajú, Otavio Moraes... que se contentem com Juninho, Lucio Flavio e Leandro Guerreiro, que batam palmas para as diversas atrocidades feitas no departamento de futebol, para os jogadores descompromissados, para o jejum de títulos, que aplaudam as derrotas, que não coloquem pressão sobre o trabalho de ninguém e que, principalmente, não reclamem do processo de diminuição do Botafogo.

Hoje (ontem) o desrespeito com o torcedor do Botafogto se traduziu num crime, num roubo de um objeto que pertence não à mim, mas à torcida do Botafogo.

Hoje (ontem) calaram um grito por um Botafogo melhor, um pedido de respeito ao clube e às suas tradições, um pedido para não transformarem o Botafogo numa clínica de recuperação de atletas ou num SPA. Um pedido para que o Botafogo se respeite, que tenha postura do clube grande que é.

Hoje (ontem) eu tive uma só certeza: estão acabando com o Botafogo.

Obrigado ao Medina, ao Marcio Padilha, ao Paulo K., ao Edson pelo carinho e pela amizade que demonstraram ontem. Agradeço também ao Fernando que me tratou exatamente como o torcedor do clube deve ser tratado: com respeito, atenção e educação.

Um abraço a todos que lutam para que o Botafogo volte a ser um gigante. Que consigamos, um dia, vencer a queda de braço com quem insiste em apequenar o clube.

Saudações Alvinegras.

Jejum de 20 e tantos anos, cachorro marcando a história do clube, dificuldades, glórias...

26 maio 2009
Não, não estamos falando de Botafogo. Estamos falando do Manchester United, mas é curioso ver como dois clubes com tantos pontos em comum, hoje tomam rumos completamente diferentes.

O clube de futebol mais rico do mundo na atualidade, o Manchester United, foi fundado em 1878 por um grupo de ferroviários ingleses, que o batizaram inicialmente como "Newton Heath". Sem muitos recursos na época, o clube tentou durante vários anos ingressar na Liga Inglesa, mas não obteve sucesso. A chance de se juntar à elite do futebol inglês surgiu somente em 1892, com a criação da segunda divisão no país. O desempenho do time na Liga, no entanto, foi um fracasso e, após dez anos de maus resultados, seus diretores concluíram que seria necessária uma reformulação completa no time. Como o clube estava à beira da falência, decidiram realizar um bazar para angariar fundos que viabilizassem os novos investimentos. Apesar do empenho de todos, o bazar foi um fiasco, mal dando para pagar o aluguel do local do evento. Mas a sorte do clube deu uma estranha virada. Harry Stafford, o capitão do time, levou para o bazar o seu cão da raça São Bernardo, que com uma caixa amarrada à coleira, ajudava a coletar doações.

As décadas de 20 e 30, no entanto, não foram boas para o clube, que oscilou entre a primeira e segunda divisão sem nenhum brilho. Ao ser deflagrada a Segunda Guerra Mundial, em 39, os campeonatos de futebol da Inglaterra foram todos cancelados e só voltaram a ser disputados em 46. A Guerra ainda deixou o seu rastro de destruição no clube: em março de 41, o estádio Old Trafford ficou em ruínas após sofrer um devastador bombardeio aéreo. Devido às reformas, o clube só voltaria a jogar no Old Trafford oito anos depois.

No dia 6 de fevereiro de 1958 quando o Manchester fazia o retorno à Inglaterra após a partida contra o Estrela Vermelha, ocorreu uma tragédia que chocou o mundo. A equipe havia conquistado um empate por 3 a 3 contra o time iugoslavo, que lhe rendeu a classificação para as semifinais da Taça dos Campeões. Mas não houve tempo para comemoração. Segundo testemunhas, durante a viagem estava nevando muito. O piloto do bimotor da British European Airways, construído pela “ De Havilland”, que fazia serviços entre a Alemanha e a Inglaterra, estava com pouca visibilidade. E, para piorar, um dos motores estava com defeito. A torre chegou a ser informada sobre o problema, mas nada adiantou. Logo depois, o motor pegou fogo e o avião caiu nas proximidades da cidade de Munique, na região da Baviera, por volta das 18 horas. No acidente morreram 28 pessoas entre passageiros e moradores do local da queda do avião. A comitiva do Manchester era formada pelo diretor esportivo, o secretário da equipe, 11 jornalistas e 17 jogadores. Logo após o acidente, o zagueiro Billy Foulker afirmou: “Tudo se passou terrivelmente depressa. Uma explosão formidável que sacudiu o aparelho, e tínhamos a impressão que nossos tímpanos explodiam”. A equipe perdeu oito jogadores: Roger Byrne (28), Eddie Colman (21) Duncan Edwards (21), Mark Jones (24), David Pegg (22), Tommy Taylor (26), Liam Welan (22) e Greoffrey Bent (25). Até hoje a tragédia não foi esquecida. No aeroporto de Riem foi construído um grande memorial e várias homenagens ocorreram no aniversário de 40 anos do acidente, em 1998. A mais bonita aconteceu no estádio Old Trafford, no dia 7 de fevereiro, antes do jogo entre Manchester United e Bolton. Mais de 50 mil pessoas fizeram um minuto de silêncio. Bobby Charlton, um dos sobreviventes que depois se tornaria um dos maiores jogadores da história da Inglaterra, não conseguiu segurar a emoção. No mesmo ano, o destino pregou uma peça nos ingleses. O Manchester foi à cidade de Munique enfrentar, pela Copa dos Campeões, o Bayern Munich, no dia 30 de setembro. O jogo terminou empatado por 2 a 2 e a dor voltou ao coração dos ingleses.

Os anos 70 e 80 trouxeram muitos infortúnios e poucas glórias aos Diabos Vermelhos, que conquistaram somente três Copas da Inglaterra e um campeonato da segunda divisão neste período. O clube só começou a recuperar seu prestígio em 86, depois da chegada do técnico Alex Fergusson. Foram necessários ainda alguns anos para que Fergusson montasse uma grande equipe, mas a partir de 90, o Manchester United iniciava uma fase de grandes vitórias, se transformando em uma potência dentro e fora do campo.

Em 1992, os clubes ingleses resolveram criar sua própria Liga, a Premier League, e começaram a investir pesado na contratação de reforços estrangeiros. O Manchester contratou o melhor e mais polêmico deles, o francês Eric Cantona, que antes de se transferir para o clube, ainda ajudou o Leeds a vencer a Premier League de 91. No ano seguinte, Cantona conquistou o mesmo campeonato com o Manchester, se consagrando definitivamente no futebol inglês.

Na temporada de 98/99, o Manchester United conseguiu uma façanha jamais vista em terras inglesas, vencendo a tríplice coroa (campeão inglês, campeão da Copa da Inglaterra e campeão da Liga dos Campeões da Europa), o maior título que se pode conquistar no futebol europeu. O bicampeonato da Copa dos Campeões foi conquistado em maio de 1999, no estádio Nou Camp, em Barcelona, naquela que foi considerada uma das mais emocionantes partidas da história do futebol. Perdendo para o Bayern de Munique (ALE) até os 46 minutos do segundo tempo, o Manchester United conseguiu uma virada inacreditável, marcando dois gols em um minuto e meio. Teddy Sheringham e Ole Gunnar Solskjaer assinalaram os gols da vitória que trouxe de volta a taça européia ao Old Trafford depois de 30 anos. Esta partida marcou também a despedida do brilhante goleiro dinamarquês Peter Schmeichel, "The Great Dane", que defendeu a meta do Manchester durante nove anos até se transferir para o Sporting de Lisboa.

Em 30 de novembro de 1999, o time enfrentou o Palmeiras pelo Mundial Interclubes, título nuca conquistado por um clube inglês. O Manchester venceu a partida por 1 a 0, gol do irlandês Roy Keane, capitão do time, aos 35 minutos do primeiro tempo, e encerrou com chave de ouro a temporada. Além do Mundial, os Red Devils conquistaram a Liga dos Campeões da Europa, o campeonato inglês e a Copa da Inglaterra.

Em tempos como o de hoje, vale a pena refletir.

Ah, ia esquecendo, amanhã teremos mais um grande jogo. Manchester e Barcelona será um jogão.

Protesto em Porto Alegre

23 maio 2009
Galera, o protesto contra a vinda do pantufinha ganha as ruas de Porto Alegre. Abaixo, uma foto da faixa em frente à Prefeitura.



Agora Guilherme, Thiago Pinheiro e Ottaviano representando o Botafogo nas ruas da cidade.





Em um museu da cidade, onde contavam a história do Rio Grande do Sul, havia uma foto da participação popular no orçamento. Bem, vejam vocês mesmos:



Jamais nos calarão!

Isso é o Bonde do Bin!

18 maio 2009