A mosca vai embora, mas suas larvas ficam

10 agosto 2009
Saiu Ney Franco. Fato a ser comemorado ainda que sua saída tenha sido tardia, uma vez que foi por mim desejada desde o fim da temporada passada.


Mas permanece o time perdedor e descompromissado que este cidadão montou, e que só poderia, talvez, render num sistema de 3 zagueiros entupido de volantes caneleiros como Batista, Leandro Guerreiro, Fahel... Todavia, sem lateral esquerdo (e com o direito maltratando mais a bola do que o meu Bull Terrier em dia de banho), sem meia (e com menos um em campo, afinal Lúcio Flávio não pode ser considerado jogador e Renato é brincadeira de mau gosto) e com um ataque pavoroso e chinelinho que ele insistia em glorificar.


E há quem diga: "Ruim com Ney Franco; pior sem ele".


Mas boa parte da culpa pela montagem desse elenco atual é dos pedidos infundados deste técnico que fez o mesmo em 2007 treinando o lixo.


No pequeno mundo encantado do cantor romântico de cabaret, só existe Ipatinga, time B do Cruzeiro (que parece um pleonasmo) e as porcarias com as quais ele já trabalhou espalhadas por times medíocres por aí.


Ah, tem também os reservas dos reservas que aqui viraram titulares absolutos, donos da braçadeira de capitão, "filhos pródigos", salvação da lavoura.


Pode parecer um argumento reducionista, vá lá, mas não me surpreende o fato de o único jogador que realmente deu certo nesse grupo todo, o Maicosuel, nunca tenha jogado sob o comando desse treinador, nem tenha vindo por indicação dele.


Será difícil para qualquer técnico fazer render o elenco que o "manager" Ney Franco montou (com o aval da diretoria) e agora deixou pra trás.


Se com o elenco pedido pelo ex-técnico e treinado por ele até ontem estamos na situação em que estamos, quem, por melhor que seja, será capaz de fazer esse elenco limitado, descompromissado render em campo?


É com legado negativo atrás de legado negativo que o Botafogo vai sobrevivendo, a trancos e barrancos.


O prêmio por todo esse trabalho digno de uma surra de gato morto até o gato miar? Salários em dia e R$ 200 mil pela rescisão. Além da gratidão da diretoria que até o último minuto fechou os olhos para a incompetência desse perdedor, tentando, provavelmente, esconder a sua própria incompetência.


Não há dúvida, meus caros: o ano será negro.

A "co-irmandade", a incompetência e o Engenhão

05 agosto 2009



Depois de uma semana conturbada no clube, da dança de cadeiras no quadro das vice-presidências com a saída do Beto Macedo (vice-presidente de marketing) e Anderson Simões (vice-presidente administrativo), da demissão prematura do diretor de marketing do clube (responsável pela implantação do bem sucedido programa de sócio-torcedor do Internacional) Josué Tiffot, da proximidade do fim da janela de transferências do exterior e da ausência de reforços, enfim, do caos instalado e de fazer o clube continuar parecendo a "casa da mãe Joana" no futebol, eis que surge a notícia lamentável que segue:



"LANCEPRESS!



O presidente do Botafogo, Mauricio Assumpção, contestou nota publicada na terça-feira sobre o custeio da manutenção do gramado do Engenhão em 2010.


Diz que o clube não fez nenhum pedido ao governo nem receberá aluguel para ceder o estádio aos jogos do Flamengo e do Fluminense e que foi a própria Ferj que se propôs a obter a verba de R$ 250 mil.



Com a maior visibilidade do estádio, o clube fará contratos mais lucrativos. "



Será que a diretoria do clube não enxerga o potencial desse magnífico estádio que caiu no colo do Botafogo quase como um presente?



Com a troca das vice-presidências o clube deveria respirar novos ares. Se antes o vice-presidente administrativo dizia aos torcedores na porta do clube que a culpa de todos os problemas do Botafogo eram da gestão passada e que seria melhor se voltássemos a jogar no Caio Martins acomodados em "confortáveis" arquibancadas tubulares, como a sua saída todos nós imaginávamos que esse pensamento deixaria de reinar no Glorioso.



Mas aparentemente o Engenhão continua a ser visto como um elefante branco (e azul), como um carma, como um piano a ser carregado nas próximas décadas, e não como uma fonte fixa e quase inesgotável de receitas no médio/longo prazo; como uma forma de identificação do clube numa área grande e populosa no subúrbio do Rio; como uma garantia de renda com um programa de sócio-torcedor capaz de cobrir o imenso déficit financeiro anual do clube; como uma área com um potencial imobiliário inexplorado; como uma possibilidade real de copiar o modelo bem sucedido de shoppings e entretenimento naquela região, que hoje faturam horrores e atraem pessoas de todos os lugares do Rio de Janeiro; como poder de barganha na negociação de patrocinadores e marcas; como auxílio à exposição da marca Botafogo que o estádio mais moderno da América Latina poderia dar.



Ao se confirmar essa barbaridade, a notícia será um balde de água fria naqueles que ainda esperavam alguma coisa dessa diretoria. Abdicar de uma receita certa até a Copa de 2014 dando aos "co-irmãos" o direito de jogarem no ESTÁDIO DO BOTAFOGO de graça, sem custos, sem taxas, na mais pura e deslavada "camaradagem".



De onde eu vim isso se chama burrice; na economia isso se chama irracionalidade; na administração isso se chama irresponsabilidade.



Falar abertamente sobre isso como se fosse uma coisa boa para o clube chama-se cara-de-pau. Torcedor não é burro. Não precisa ser administrador, economista ou sequer ter curso superior para perceber a chance, a oportunidade perdida. Aceitar e permitir a coisa nesses termos é assinar um atestado de incompetência, é carimbar mais um diploma de incapacidade.



Até parece que o Botafogo não venceu a licitação em 2007, da qual participou sozinho por desistência do "co-irmão" florido e do "co-irmão" simpatissíssimo que sequer participou da disputa por pura soberba ao achar que o estádio e seus 45 mil lugares estavam aquém das necessidades da sua torcida. "Co-irmãos" soberbos que sempre se beneficiaram da arbitragem em cima do Botafogo e da camaradagem da atual diretoria e que "co-habitarão" o estádio nos próximos anos.



A cada dia que passa a atual diretoria dá um tiro no próprio pé. Sem essas receitas os problemas tão insistentemente apontados no início do ano pela própria diretoria persistirão. Ano que vem o planejamento já deveria contar com as receitas do aluguel do Engenhão, e agora dependerá de negociação de contratos que sabe-se lá se virão apenas para o Botafogo ou se serão divididos para os co-irmãos.



O que mais esperar dessa diretoria?



Minha única certeza é a de que o Botafogo resistirá à essa enxurrada de problemas e de gente incompetente.



Mas qual o preço que pagaremos por isso? E o quanto o clube sairá enfraquecido dessa gestão?



Só o tempo dirá. Mas hoje o tempo é nosso inimigo.